Teses Defendidas
O sistema defensivo de Goa (1510-1660): Influência na composição do território contemporâneo.
22 de Novembro de 2017
Patrimónios de Influência Portuguesa
Vítor Luís Gaspar Rodrigues
e
Walter Rossa
Perante a falta de um polo administrativo com um hinterland significativo para além da área da fortaleza e depois de identificada a importância estratégica deste território, os Portugueses conquistaram Goa em 1510 e reforçaram essa posição nas décadas seguintes, iniciando uma mudança do paradigma imperial: de uma lógica de hegemonia marítima, a estratégias de ocupação territorial. Zona de terras produtivas e o maior mercado de cavalos persas e árabes na Índia Ocidental, Goa possui ainda uma posição estratégica de primeira importância, aparentemente bem defensável pelas suas características geográficas. A partir de 1530 consolida-se o Estado da Índia, com a elevação de Goa a capital, desenvolvendo-se aí um complexo sistema defensivo que dependia não só das suas estruturas fortificadas, mas também do seu poderio naval, do seu armamento e do seu sistema de comunicações, alargando-se muito para além do território inicial. Esta ocupação territorial, em crescimento gradual - primeiro com as Velhas Conquistas, mais tarde com as Novas Conquistas -, correspondia a uma posição de uma rede maior, instalada no Índico, fazendo dos Portugueses a grande potência desta zona durante o primeiro século de ocupação.
A presente investigação procura examinar as realidades históricas locais ao longo dos tempos, fundamentais para o reconhecimento das dinâmicas do território atual e contribuindo para a discussão sobre estes patrimónios: território, comunicações, construções militares e na interseção com a arquitetura e o urbanismo. Para além da análise da produção historiográfica - cujos trabalhos foram conduzidos de forma sincrónica e diacrónica - o principal investimento reside na compreensão entre a organização político-militar do território goês e o que resta dos elementos que compunham o sistema defensivo aqui instalado entre 1510 (conquista de Goa pelos Portugueses) e 1660 (década da emergência do poder político-militar marata liderado por Shivaji Maharaj e do reacendimento da guerra luso-holandesa, encerrando um ciclo de importantes perdas no Oriente), hoje um conjunto de bens com valor patrimonial, sobre o qual importará refletir.
Para tal, usando o desenho como principal ferramenta de investigação, procedeu-se a um conjunto de levantamentos gráficos, relacionando-os com as bases teóricas disponíveis e articulando-os com a cartografia identificada e analisada, correspondendo a uma base de trabalho que permitiu demonstrar como o desenho e a geografia ligados às novas tecnologias se poderão tornar relevantes no melhor (re)conhecimento das realidades coloniais deste território, usados para reinterpretar os seus processos evolutivos (podendo-se atingir uma base comparativa com outros territórios e núcleos urbanos, particularmente no espaço do Índico) - desde a chegada dos Portugueses a Goa à realidade atual - encontrando respostas para as principais transformações ocorridas. São disso exemplo: a forma como os Portugueses foram avançando no território; a evolução tecnológica da artilharia e a resposta produzida pela arquitetura militar; as diversas contrariedades encontradas ao longo desta ocupação (nomeadamente as más decisões relativas à implantação da capital, ou as ameaças terrestres, indianas, às quais de somaram as navais, europeias, entre outras); ou, finalmente, a influência e significado deste património na composição do território contemporâneo.
Dominado o objeto de estudo e tratando-se de uma investigação contemporânea que integra um doutoramento em Patrimónios de Influência Portuguesa, afigurou-se crucial uma reflexão acerca do sistema defensivo como património: o que foi, o que é, o que poderá ser. No fundo, esta é a grande proposta desta investigação: a leitura deste objeto, formado no primeiro século e meio de ocupação portuguesa, como infraestrutura do território contemporâneo, elemento básico da identidade goesa. Como tal, o seu (re)conhecimento, preservação, e clarificação - a sua legibilidade, portanto - é determinante para a identificação da especificidade de Goa no contexto da Índia e da Ásia do sul.
Palavras-chave: Goa, influência, sistema defensivo, território, património(s).
Data de Defesa
Programa de Doutoramento
Orientação
Resumo
A presente investigação procura examinar as realidades históricas locais ao longo dos tempos, fundamentais para o reconhecimento das dinâmicas do território atual e contribuindo para a discussão sobre estes patrimónios: território, comunicações, construções militares e na interseção com a arquitetura e o urbanismo. Para além da análise da produção historiográfica - cujos trabalhos foram conduzidos de forma sincrónica e diacrónica - o principal investimento reside na compreensão entre a organização político-militar do território goês e o que resta dos elementos que compunham o sistema defensivo aqui instalado entre 1510 (conquista de Goa pelos Portugueses) e 1660 (década da emergência do poder político-militar marata liderado por Shivaji Maharaj e do reacendimento da guerra luso-holandesa, encerrando um ciclo de importantes perdas no Oriente), hoje um conjunto de bens com valor patrimonial, sobre o qual importará refletir.
Para tal, usando o desenho como principal ferramenta de investigação, procedeu-se a um conjunto de levantamentos gráficos, relacionando-os com as bases teóricas disponíveis e articulando-os com a cartografia identificada e analisada, correspondendo a uma base de trabalho que permitiu demonstrar como o desenho e a geografia ligados às novas tecnologias se poderão tornar relevantes no melhor (re)conhecimento das realidades coloniais deste território, usados para reinterpretar os seus processos evolutivos (podendo-se atingir uma base comparativa com outros territórios e núcleos urbanos, particularmente no espaço do Índico) - desde a chegada dos Portugueses a Goa à realidade atual - encontrando respostas para as principais transformações ocorridas. São disso exemplo: a forma como os Portugueses foram avançando no território; a evolução tecnológica da artilharia e a resposta produzida pela arquitetura militar; as diversas contrariedades encontradas ao longo desta ocupação (nomeadamente as más decisões relativas à implantação da capital, ou as ameaças terrestres, indianas, às quais de somaram as navais, europeias, entre outras); ou, finalmente, a influência e significado deste património na composição do território contemporâneo.
Dominado o objeto de estudo e tratando-se de uma investigação contemporânea que integra um doutoramento em Patrimónios de Influência Portuguesa, afigurou-se crucial uma reflexão acerca do sistema defensivo como património: o que foi, o que é, o que poderá ser. No fundo, esta é a grande proposta desta investigação: a leitura deste objeto, formado no primeiro século e meio de ocupação portuguesa, como infraestrutura do território contemporâneo, elemento básico da identidade goesa. Como tal, o seu (re)conhecimento, preservação, e clarificação - a sua legibilidade, portanto - é determinante para a identificação da especificidade de Goa no contexto da Índia e da Ásia do sul.
Palavras-chave: Goa, influência, sistema defensivo, território, património(s).