Teses Defendidas

Trabalho, saúde e ambiente: (in)justiça ambiental e amianto no Brasil

Lays Paes e Silva

Data de Defesa
9 de Fevereiro de 2015
Programa de Doutoramento
Democracia no Século XXI
Orientação
Stefania Barca e Laura Centemeri
Resumo
A proposta central desta tese é discutir a interdependência entre trabalho, saúde e ambiente, analisando criticamente os elementos que demarcam as relações entre trabalho e (in)justiças ambientais. Considerando situações em que as fontes de riscos e danos industriais coincidem com as fontes de trabalho e sustento para as comunidades afetadas, as principais perguntas que a tese procura responder são: quais convergências e contradições são geradas pela interação de tais elementos? Tendo em vista as relações que se estabelecem entre eles, que tipo de impacto é possível encontrar na realidade dos trabalhadores e habitantes locais? Como promover o enfrentamento das contradições e potencializar as convergências na promoção da justiça ambiental? O texto está embasado no paradigma da justiça ambiental à luz de conhecimentos provenientes da ecologia política, da história e da sociologia ambientais e da geografia crítica. Os conceitos são trabalhados articuladamente com conhecimentos e práticas que permitem (re)pensar nas possibilidades e potencialidades da conciliação entre trabalho e justiça ambiental, identificando e refletindo sobre os paradoxos que caracterizam a relação entre esses elementos. O estudo de caso enfoca a cidade brasileira de Minaçu, localizada no interior do estado de Goiás. Esse município se originou em função da mineração de amianto, mineral reconhecidamente nocivo à saúde humana, que constitui a principal fonte de renda e trabalho, recebendo apoio da população local. Os instrumentos metodológicos empregados foram: observação, entrevistas semiestruturadas e análises documentais. Foi realizada uma análise sobre o histórico global de utilização do mineral e sobre o contexto brasileiro. A ênfase incidiu na forma como os riscos relacionados ao amianto são produzidos, distribuídos e geridos através da participação de diversos atores sociais. Em seguida, foram apresentados elementos concernentes à origem e organização de Minaçu. O caso foi destrinchado em três eixos de análise: 1) a forma como a população representa os riscos relacionados ao amianto; 2) os dissensos relativos a essas representações; 3) as vulnerabilidades populacionais e institucionais identificadas e os impactos que geram no cotidiano dos habitantes e trabalhadores locais. A tese concluiu que a separação entre trabalho e ambiente gera efeitos perversos na percepção, priorização e combate aos riscos e que a luta contra as injustiças ambientais geradas através do trabalho deve contemplar este elemento através de articulações convincentes entre questões laborais e ambientais.