23 de Fevereiro de 2023

Pós-Colonialismos e Cidadania Global

Ana Cristina Santos

Dentro da visão de mundo e religiosidade Maya de diferentes momentos históricos, a energia que move o cosmos está associada a uma dualidade masculino-feminina complementar e em igualdade de condições. Essa interpretação do mundo permitiu, por um lado, que mulheres Mayas de diferentes épocas exercessem diversas funções dentro da organização politica, económica, social e até militar que se rebelou contra as ocupações ibéricas na região. E, por outro lado, permitiu a concepção de seres andróginos com suas despectivas posições simbólicas dentro das sociedades. Perante este contexto e utilizando uma abordagem pós-colonial e de género não necessariamente binária, esta tese de doutoramento pretende construir pontes teórico-empíricas através de estudos de caso sobre os percursos de vida de pessoas com sexualidades subalternas -nãoo heterossexuais e/ou não binárias-, ligadas interseccionalmente com outra das zonas invisíveis do não-ser, a dos mundos indígenas sistematicamente preçários, neste caso os povos Mayas do sudeste mexicano. Esta abordagem em conjunto com o uso de ferramentas autoetnográficas e autobiográficas foram a base para a contextualização, realização e análise das entrevistas em profundidade realizadas com pessoas autoidentificadas como Mayas -Yucatecan- Tseltal-Tsotzil- e com uma ampla gama de sexualidades que aceitaram participar da pesquisa realizada tanto em comunidades rurais como em dois centros urbanos com forte passado colonial nas regiões de Altos de Chiapas e Península de Yucatán. O estudo reflete a criação de modos particulares de re-existir, unindo varias redes de apoio e lutas sociais, além de amar e viver as sexualidades fluidas dxs Mayas contemporâneos.

Palavras chave: Identidades Mayas; Sexualidades; Pós-Colonialismo; Península de Yucatán; Chiapas