MAKING PORTUGAL
Desafiando o passado. Mecenato e agência dos Africanos e Afro-descendentes nas artes e na arquitetura de época moderna em Portugal durante o tráfico negreiro transatlântico (1486-1836)

Período
20 de fevereiro de 2025 a 19 de agosto de 2026
Duração
18 meses
Resumo

MAKING PORTUGAL pretende repensar a história moderna da arte e arquitetura europeia, usando Portugal como um caso exploratório. A principal ambição é revelar o papel ativo de pessoas de origem ou ascendência africana na construção ou criação do que é atualmente considerado Património Nacional Português (material e imaterial). Pretende-se desvendar as ações de mecenato, financiamento, gosto e produção levadas a cabo por indivíduos ou comunidades negras que, vindo ou nascendo em Portugal, viveram como pessoas escravizadas, libertas ou livres. Como provocativamente propôs Olivette Otele em 2020, eles eram europeus africanos, e a partir desta nova perspetiva a nossa perceção da história artística de Portugal pode mudar radicalmente. Assim, é crucial repensar o papel das pessoas africanas ou afrodescendentes no contexto cronológico do Tráfico Transatlântico de Escravos (1486 -1836), especialmente no âmbito da tradição clássica europeia e da história da arte e da arquitetura em Portugal onde os europeus africanos não foram considerados como possíveis protagonistas. Tomando Portugal como um caso exploratório, MAKING PORTUGAL pretende ser um projeto-piloto a estender no futuro a outros países europeus, em particular à Itália e à área do Mediterrâneo.
As grandes questões colocadas por MAKING PORTUGAL são:

  1. Os europeus africanos foram criadores do património artístico e arquitetónico português, tal como o foram outros grupos e figuras de mecenas ou investidores?
  2. Se sim, como, porquê e em que medida o fizeram?
Resultados

Ao trazer à luz a construção plural das artes e da arquitetura portuguesa da Idade Moderna (arquitetura, pintura, escultura, música, teatro e dança), MAKING PORTUGAL pretende desvendar exclusões, invisibilidades e silêncios em relação aos europeus africanos. Isto permitir-nos-á enriquecer e compreender melhor o passado, alterando a nossa perceção e conhecimento do que é/foi definido como "Português". O objetivo principal não é apenas compreender a transformação produzida pelo encontro com as origens culturais e tradições artísticas africanas, mas também focar e avaliar o impacto da proeminência dos europeus africanos nos campos das artes visuais e performativas e da arquitetura, apesar de - como escreveu Fromont (2022) – serem europeias na forma, na materialidade e, em parte, no público-alvo.
Assim, MAKING PORTUGAL desdobra-se em quatro objetivos:

  1. Produzir novos conhecimentos e mudar o paradigma sobre a história das artes e da arquitetura no Portugal moderno;
  2. Construir um pensamento inovador sobre o tema que possa ser aplicado a outros países europeus;
  3. Partilhar e construir novos conhecimentos com as jovens gerações portuguesas, maioritariamente de origem africana, através de práticas participativas baseadas na criatividade;
  4. Disseminar os resultados científicos e criativos através da plataforma digital AAAfrican Portugal [Art Architecture African Portugal].
Investigadoras/es
Antonieta Reis Leite
Cláudia Pato de Carvalho
Giuseppina Raggi (coord)
Hugo Daniel Silva
Iskrena Dimova Yordanova
Margarida Calafate Ribeiro
Paulo Almeida Fernandes
Rui Lobo
Consultoras/es
Gaetano Sabatini
Mário Carneiro
Rosa Botequilha
Palavras-Chave
europeus africanos, história moderna de portugal, história moderna das artes e da arquitetura europeias, interações interculturais
Financiamento
Fundação para a Ciência e Tecnologia